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COBRAR OU NÃO A PRIMEIRA CONSULTA ODONTOLÓGICA?

Cobrar ou não cobrar a primeira consulta na odontologia?

 O dentista deve ou não cobrar pela primeira consulta?

Com certeza, você já atendeu pacientes que chegaram ao consultório pedindo aquela “olhadinha”. Também já viu propagandas de clínicas odontológicas alardeando o famoso “orçamento gratuito”. Esses dois casos são bem comuns dentro do universo odontológico, quer você concorde ou não com eles. Comuns também são as discussões sobre esse assunto, que já vêm de longa data.

Para ser bem sincero, não há um consenso sobre qual a resposta correta. Ao escutar a opinião de diversos dentistas pelo país, vemos que existem pontos negativos e positivos dos dois lados, e o que pretendemos fazer é levantá-los, de modo a gerar uma conversa amigável sobre o assunto. Antes de começarmos, porém, é preciso discutir qual a natureza dessa primeira consulta e por que isso é tão importante. 

A primeira consulta é quando o dentista traça o panorama completo de um tratamento. Ela engloba a anamnese, exames clínicos e físicos, solicitação de exames e radiografias complementares e a elaboração do cronograma de ações a serem realizadas. O resultado disso é apresentado ao paciente já com os valores financeiros correspondentes, tendo como objetivo a assinatura do contrato de serviço. Nenhum procedimento, de fato, é realizado nessa primeira consulta, cabendo apenas a avaliação do paciente.

É interessante notar que a nomenclatura do resultado dessa consulta é alvo de muita divergência no meio odontológico. Alguns dentistas o chamam simplesmente de “orçamento”, e outros não aceitam a denominação, oferecendo opções como “plano de tratamento” ou “diagnóstico”. No fim, o nome é o que menos importa.

O dentista precisa entender qual é a proposta desse primeiro contato e o quanto ele exige das habilidades profissionais para ser realizado. 

E se falamos da nomenclatura, é porque ela é um dos principais argumentos usados pelos profissionais que são a favor da cobrança da primeira consulta. Segundo eles, a palavra “orçamento” não contempla tudo que precisa ser feito. É seu conhecimento que está em jogo, as horas dedicadas a se tornar um bom profissional e que refletem diretamente no diagnóstico apresentado. Por isso, seria melhor chamá -lo de “plano de tratamento”. Como essa é uma das partes mais importantes de qualquer tratamento, então, não cobrá-la é um claro sintoma da desvalorização da profissão.

Outro ponto que pesa a favor da cobrança é o gasto que você tem com a primeira consulta. Por mais que você não use qualquer material para a avaliação, seu tempo está sendo gasto. E, como sabemos, cada hora de funcionamento tem seu custo. Quando você gasta meia hora e não a cobra, por exemplo, é meia hora de gastos que você não conseguirá recuperar. “Eu coloco esse valor junto com o total do atendimento”, você pode dizer. Nesse caso, você até recupera o que gastou, mas continua com o prejuízo daqueles pacientes que não retornaram.

Inclusive, o Código de Ética Odontológica prevê que a primeira consulta deve ser cobrada quando o paciente puder pagar por ela. O Artigo 20, Inciso I, diz que “oferecer serviços gratuitos a quem possa remunerá-los adequadamente” constitui infração ética. Alguns argumentam que a interpretação desse trecho pode não ser clara, mas, por tudo que dissemos aqui, podemos considerar a avaliação inicial como um serviço e, como tal, se enquadraria nesse ponto.

Na prática, porém, o cenário que se enxerga é diferente. Por mais que vários cirurgiões-dentistas recomendem cobrar a primeira consulta, a dica não é seguida pela maioria. O motivo é simples: o paciente. Vivemos em uma cultura que, historicamente, não cobra a consulta de avaliação. Quando um dentista decide ir contra isso, acaba sendo mal visto pelos clientes. Há argumentos válidos e que justifiquem essa posição. Eles vão desde a falta de confiança em um profissional que acabaram de conhecer, até o paciente que está fazendo pesquisa de preço e não quer ser cobrado pelo orçamento, para não gerar vínculo. São fatores que podem deixá-los desconfortáveis e, como consequência, fazer com que eles não apareçam em seu consultório.

Por isso, alguns profissionais encaram a primeira consulta como um elemento do marketing do consultório e não cobram por ela. A ideia é encantar tanto o paciente, que ele não vai pensar duas vezes na hora de retornar. Mas, falando em questão de marketing, cobrar a consulta também pode ser uma forma de selecionar seus pacientes quando você já estiver com uma clientela grande, fazendo uma triagem inicial com aqueles que estão realmente interessados no serviço.

Enfim, a decisão de cobrar ou não pela consulta inicial cabe apenas a você. Leve em consideração os objetivos de seu consultório

e o perfil dos pacientes, na hora de decidir qual modelo adotar. Tenha na cabeça os prós e contras de cada um dos dois casos. Faça sua escolha de forma consciente e deixe o paciente ciente da sua posição com relação ao assunto. 

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